Talvez a vida de Romildo tenha sido toda uma grande ilha. Uma ilha perdida em que ele estava perdido. Talvez tenha sido tudo uma grande mentira e não só ele o único mentiroso. Mas ninguém tivera mentido consciente, todos se enganavam acreditando na verdade.
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Após ver todos os quadros, ele teve a chance de recomeçar, mas agora sabendo de tudo. Mas do que adiantava viver de novo uma mentira? Romildo não queria mais voltar pra vida, preferiu viver na sua morte.
A moça se despediu dele no velório, teria mais alguns anos de vida, mas um dia, ela também morreria e poderia encontrá-lo ali, naquela sala, onde juntos veriam um filme de vida dela. Seus sonhos seriam todos revelados e no final, ela também chegaria a mesma conclusão que ele chegou.
A vida não é muito mais do que isso aqui. O sentido dela está cada vez mais obscuro. É viajar? Ver séries? É se ver na ficção e brigar por ela, como, se de alguma forma, ela represente você? É estar sentado atrás de um computador esperando o ano todo uma mensagem? Esta mensagem não chegará. Nunca chegou para Romildo, e Romildo, aqui, é apenas o nosso personagem principal. A vida dele só teve importância para nós porque a tornamos num conto. O faz de conta. Talvez você se identifique com ele. Mas é só isso? Voltaremos às indagações primárias deste parágrafo?
O homem sempre buscou inventar uma máquina que o fizesse viajar no tempo. Não porque gostaria de ver o futuro, mas porque quer fazer o passado voltar. Esquece que o presente será o passado de outro presente. O passado desejado existiu e parte dele pode ser acessado pelas memórias, mas elas são fragmentadas. O ponto de referência está manchado porque aquele presente não foi vivido corretamente.
Romildo esperou na morte a sua vida passar.