novembro 2016 | Blog do Joanir -->

Atropelei um cachorro louco

segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Mas calma lá, defensores dos animais, atropelei o cachorro no simulador de direção. Os detalhes serão ditos no decorrer deste post, então senta aí pra ler.

Minhas aulas no simulador de direção
Simulador de direção

Como disse no post anterior, estou finalmente fazendo auto escola para ter a Carteira Nacional de Habilitação. Por esse motivo, provavelmente as futuras publicações aqui serão relacionadas a isso.

Pois bem, na semana passada fui fazer as cincos aulas obrigatórias no simulador de direção. O instrutor perguntou se eu já tinha alguma noção sobre o carro, respondi que teoricamente sim, mas só o tempo poderia dizer.

Fomos pra sala onde estava o benedito, ou seja, onde tava o carro simulado. Parecia um carro mesmo, só que com umas 3 televisões de boas polegadas. Pensei: "dá pra assistir altas novelas por aqui".

- Senta aí e espera que já vamos passar as digitais.

Aqui cabe uma pequena observação: aquele simulador foi feito pra pessoas pequenas. Constatei esse fato quando minhas pernas quase não couberam embaixo do volante. O instrutor disse que ajustes tinham sido feitos para melhorar a vida do auto motorista em formação, mas essas medidas não foram suficientes para mim.

Ajustei o banco, olhei pro retrovisor (não sei pra que) e fiquei lá aguardando.

Enfim, é dada a partida para a aula. Coloquei meu indicador direito para que minha digital fosse lida. Pronto, agora os illuminatis estavam sabendo que eu estava ali. As três TVs começam a falar em uníssono. Não lembro o que a mulher falou, mas me senti em casa com aquela voz. Era a mulher do Google. Se não era ela, a voz era parecida. Meio robotizada, deu até uma emossaun.

- Põe o cinto aí maluco, que a parada louca vai começar! - Disse meu instrutor.

Coloquei, todo afobado, meio sem espaço. E a mulher continuou a falar. Estava chegando o momento da verdade.

Outra observação: apesar do simulador ter sido feito pra pessoas pequenas, ele até que simulava bem um carro. Digo, a carcaça realmente estava bem parecida. Volante, câmbio, poltrona, etc, tudo nos conformes, menos a chave. Sério mesmo, capricharam tanto nos detalhes, mas a chave de ignição parecia a chave da porta de casa. Mas tudo bem, apenas um detalhe.

- Ligue o carro e siga para o lugar indicado! - Disse a mulher do Google. Não pensei duas vezes, ela falou, então tá falado.

Girei a chave, liguei a luz baixa, pisei na embreagem, engatei a primeira marcha, soltei o freio de mão, pisei no acelerador soltando aos poucos a embreagem e... o carro foi voando pra frente.

- Calma! - Disse o instrutor.
- Mas eu tô calmo, cacilda! - Respondi.

Mas tudo bem, percebi que o pedal do acelerador é muito sensível. Provavelmente, ele ouve muito Pablo. Na segunda tentativa, foi mais tranquilo, embora estivéssemos na estrada de terra e o veículo estivesse com pressa, já que a cada ladeira, ele saia correndo todo saltitante.

- Vai com calma! Olhe a placa para parar. Você não parou.
- Tá tudo sobre o controle, pelo menos não bati em ninguém.

Não sei pra que pensei nisso. Logo apareceu um cachorro do além, saiu do mato e veio direto pra minha frente. Sabe daqueles cachorros ignorantes? Então, bem desses. Será que ele não percebeu que eu era aluno de auto escola? Que não tenho uma boa reação ainda às adversidades da via. Passei por cima, nem sequer freiei. O instrutor nem falou nada. A mulher do Google não deu um pio. Um minuto de silêncio.

Aos poucos fui pegando o jeito. Algumas adversidades de tempo e luz foram simuladas também, como dirigir com neblina ou com luz contrária ofuscando a vista. Algumas coisas deu pra simular bem, já outras nem tanto.

Fiz as cinco aulas em dois dias. Gostei do simulador, embora não tenha achado realmente útil. Explico: eu poderia ter essas aulas num veículo de verdade, pois seria mais proveitoso.

A bendita prova teórica

terça-feira, 8 de novembro de 2016
Após duas semanas e dois dias de aula, onde você aprendeu várias coisas relacionadas ao trânsito, e principalmente aos agentes do trânsito (em especial, você como motorista), é marcada a bendita prova teórica, onde, após responder 30 perguntas de múltiplas escolhas, você fica apto ou inapto para próxima fase. E é deste meu dia de prova que irei falar neste post.

A prova teórica do Detran
A prova teórica do Detran

Confesso que fiquei um tempinho tentando achar uma forma legal de começar esse texto. Bom, então, como não quero ser teórico aqui e dizer quais foram os processos e etc, falarei como foi o dia em que fiz a prova.

Dia 3 de novembro. Um dia calmo na pacata cidade de Cascavel. Fazia calor moderado e mal sabiam os moradores que um ser estava um pouco nervoso. Ele era eu. Que coisa, não? E realmente ninguém tinha nada a ver com isso.

Às 13 horas, pega o ônibus com destino ao Marrocos. Mentira, destino ao Detran (embora seja quase a mesma coisa). No terminal, pergunto ao motorista de um ônibus se aquele parava lá:

- Mas nenhum ônibus para lá... Passa por lá. - Deu vontade de xingá-lo, mas eu não tenho muita prática nisso.

Me falaram o ônibus certo e logo ele chegou. No caminho, com o celular em uma mão no aplicativo de GPS, perguntei pra mulher do meu lado se ela conhecia o bairro. Ela respondeu afirmamente e me indicou o ponto certo para descer.

Chegando lá, quase fim de mundo, adentrei no prédio e aguardei a prova começar sentado numa cadeira ao lado da sala de prova. O local era legalzinho. Existiam as sessão de cadeiras pra quem aguardava a prova e pra quem aguardava tirar a foto. Mais ao lado, alguns biombos onde trabalhavam alguns funcionário. Na sala de prova, estava a pessoa responsável por supervisionar o exame, além de vários computadores equipados para o teste.

Como cheguei cedo, faltando uns 40 minutos para 15 horas, fiquei lá viajando no pensamento. Até que chegou uma loirinha. A princípio, confundi ela com outra pessoa, mas logo se esclareceu. Ela sentou-se ao meu lado e começou a falar. Disse que achava que me conhecia de algum lugar. Ela não me era estranha. Falamos de várias coisas, perguntei a idade dela, o que fazia e pretendia fazer. Falamos de religião, de alguns preceitos bíblicos, do fim dos tempos, dos sinais, das farsas também. Conversamos de tal jeito que parecia que já  nos conhecíamos a tempos. Quem me conhece, sabe como sou um pouco tímido e difícil de conversar, principalmente com quem não conheço.

Conversa vai, conversa vem e a supervisora da prova nos avisa que já poderíamos entrar. Boa sorte desejada e começa a prova.

Estava difícil. Bateu o desespero. Das perguntas que respondi, tinha de 5 a 10 questões que já haviam caído no simulado do Detran. Então, tentei me acalmar. Reli a mesma pergunta várias vezes. Quando terminei, voltei na 1 para rever, corrigir e contar. É, o mínimo que eu deveria acertar era 21, então, fui vendo questão por questão e somando as respostas que eu tinha quase certeza que havia acertado. E, por fim, cliquei em FINALIZAR.

"O resultado está disponível na internet". Apareceu essa mensagem no computador. Levantei-me e fui até onde estava a supervisora para ela me falar a nota.

- Você acertou 26. Parabéns!

Fiquei feliz. A loirinha também foi aprovada e fomos até a saída do prédio comemorando. Depois dei tchau pra mulher que estava cuidando do lugar (acho que era guarda) e pra loirinha e fui embora.

Repararam que eu não disse o nome dela né? Não, não é por privacidade. É que o espertão aqui não perguntou. Não perguntou nome, nem Whatsapp, nem estado civil, nem se ela queria namorar comigo, nem nada. Perdi a oportunidade. apenas. Eu não tenho jeito mesmo.

Mas já bolei um plano (que provavelmente não vai dar certo, mas vamos lá). Na próxima vez que eu a ver (se tiver uma próxima vez), seu nome será a primeira coisa que perguntarei. Logo em seguida afirmarei o seguinte:

- Tive uma revelação: se nos vermos mais uma vez, é porque vamos casar.

Vou direto ao ponto. Meio doido isso. Bom, é pra ser levado na brincadeira, mas vai que dá certo (risos).

Dia de bruxa

terça-feira, 1 de novembro de 2016
De segunda a sexta-feira, tirando os feriados e fins de anos, Kiki pegava sua vassoura e ia pra escola voando, pois estava sempre atrasada. Era uma pequena bruxinha, assim chamada por suas colegas.

Kiki, a bruxa, pegando uma encomenda sentada na vassoura.
Imagem: http://geekvox.com.br

Um dia apareceu lá sem a vassoura. Estranharam, não só as más colegas, mas toda a equipe pedagógica. Ninguém estava preparado pra aquilo. Todos a olharam. Alguns até tiveram dificuldade de reconhecê-la.

- Cadê sua vassoura?
- Ué, o que falta em você?
- Perdeu o juízo, menina?
- Cadê sua companheira?
- Posso ir no banheiro, prof?

Em meio as tantas perguntas, e perguntando pra se escapar de situação impar, ela foi no banheiro refletir:

- Espelho, espelho...

Não esse tipo de reflexão:

- Pior que não sei onde deixei minha vassoura.

E outras perguntas se fazia na sua pequena cabeça, que ainda via o mundo um pouco além da cidade vizinha, única visitada em toda sua vida.

Voltou pra sala, e quando todos ainda não acreditavam nas fórmulas matemáticas do professor Gustavo, ela exclamou:

- Eu não preciso dela!
- Como não? Essa fórmula resolverá a questão do x.
- Não, prof, não sobre isso. Digo, não preciso da vassoura!

Um coro em lá menor sustenido ecoa na sala.

- Perdeu o juízo, menina?
- Como não?
- Por que sim?
- Prof, já faz meia hora que tô pedindo pra ir no banheiro.
- Eu nunca precisei da vassoura.
- Deve ser feminista...
- Não, eu tenho juízo. Nunca precisei da vassoura pra voar, até porque nunca voei.

Sol menor agora.

- Tudo era força de expressão. Voar no sentido de ir rápido. E vocês já viram a vassoura alguma vez?
- Claro que sim, aquela vassoura cor de...
- Oxe, a vassoura de pa...
- Ué, como era mesmo a sua vassoura?
- Prof, tô mixando...
- E tinha vassoura?

Fá sustenido maior.

- Dá pra alguém pedir pra turma do coral calar a boca?
- E Bhaskara, o que que tem?
- Sei lá, nunca entendi.

- Resumindo, virei às aulas assim a partir de agora. Eu mesma. Sem vassoura, sem desculpas.

Assim, Kiki nunca mais precisou levar a vassoura pra escola. Ela cresceu, se tornou professora. Varria a sala juntamente com cinco alunos voluntários todo final de aula. Kiki, a bruxa.