Após sair da Unioeste (com um sorriso do tamanho da Muralha da China) peguei o ônibus coletivo sentido Sul-Oeste, pois precisava ir pra cidade (como dizem algumas amigas) comprar um cartão de memória. O ônibus estava lotado. Resultado: surgiu a ideia de postar algumas dicas para esses casos aqui no blog.
Não é só o mundo que está lotado - somos mais de 7 bilhões de pessoas. A super-população (já não sei se vai com hífen, espaço, sem espaço ou se essa palavra ainda existe) também está presente nos ônibus coletivos da cidade de Cascavel.
O meu sorriso, que correspondia ao tamanho da muralha, ficou do tamanho do cume do Marco das Três Fronteiras (em Foz do Iguaçu). O ônibus estava tão lotado, que tinha gente sentada em cima do motorista - o cobrador foi dispensado. Entrei, enveredei-me entre os labirintos de braços até chegar numa posição menos ruim. E aí vai a primeira dica para você estudante: tire a sua mochila das costas e segure-a com uma das mãos. Como o ônibus está lotado, desse modo você não atropela o vizinho de trás e não tem perigo de cair, pois não há espaço para isso.
Dentro do ônibus, revesando as mãos que seguravam ora a mochila ora o ferro, o calor humano aumentava. Calor esse indesejado. A lata começou a andar e a próxima dica surge agora: aproveite os ventos que vêm das janelas e do teto para se refrescar - você não tem outra alternativa.
Para passar o tempo, a terceira dica é: olhe as placas dos candidatos da política que infestaram a avenida Carlos Gomes e Brasil. Olhe pra eles e pense que por culpa de muitos deles, você está nessa situação agora.
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A quarta dica: aprenda com o seu vizinho onibuslar (passageiro de ônibus). Geralmente tem um falante da língua espanhola - moramos quase na fronteira. Aproveite para praticar. Aprenda um idioma novo, como por exemplo, com os haitianos que estão na cidade e também nos ônibus. Numa conversa interessante que captei hoje, descobri muita coisa. Veja nesta transcrição: "homem 1: - Hama grascrestine systyng nevrer? homem 2: - No recristivtes novoloke". Descobri que eu não entendo os haitianos.
Chegando no meu destino, puxei a cordinha para que o ônibus parasse - quinta dica. O ônibus parou; eu saí; e finalmente um motorista entrou para dirigir. Na verdade, fui defenestrado, literalmente.
Fui na loja, comprei com 5 reais de desconto e voltei pro ponto de ônibus. Logo chegou, lotado novamente. Desta vez, fiquei na frente, porque atrás não cabia mais gente. O clima ainda estava quente. Quis ser o Clark Kent(e), pra poder sair dali de repente.