Foi olhando para o espelho que me dei conta de uma espinha. Tentei me desfazer dela, mas isso só piorou a minha cara: de vermelha, ficou roxa e inchada. Na rua, acharam que eu tinha engordado.
- Mas eu te falei, não mexe nela, mas você insistiu!
Olhei para os lados e não vi quem supostamente tinha falado essa frase. Talvez fosse coisa da minha imaginação.
- Sou eu, tonto!
- Eu quem? - Retruquei.
- Você! Que dizer, eu.. nós.
Era o outro eu que vivia em mim. Como eu não estava de bom humor, deixei quieto o assunto. Naquele momento, eu só queria chegar ao meu destino, assistir à palestra e voltar pra casa.
Esse outro eu é uma boa pessoa. Geralmente me dou bem com ele. Mas, às vezes, quando as coisas não estou boas, não quero nem vê-lo pela frente, ou por dentro, neste caso. É irritante, se acha o moralzão das coisas e na maioria das vezes, tem toda a razão. Isso me deixa com mais raiva ainda. Esse outro eu é mais inteligente do que eu. Mais esperto, já me livrou de várias situações desagradáveis e já me meteu em algumas também.
- Nunca te meti em nenhuma situação desagradável! Não minta, pois estou aqui!
- Desculpa.
Realmente, acho que esse eu é mais sábio do que eu, mas às vezes é muito duro comigo, acaba sendo direto onde deveria ser mais gentil.
- Gentil pra quê? Se eu não te falo na real, quem acaba se ferrando depois também sou eu.
- O fato é que nem sempre dá pra ser direto quando se ama.
- Eu sei, mas não podemos perder a cabeça. Não somos o centro do mundo. Não é obrigatório que todos gostem da gente. Ela não é obrigada a nos amar.
- Sim... Você está sendo direto de novo.
Nossa conversa vai continuar depois, e com certeza eu vou aprender mais coisas, afinal estamos vivendo a cada segundo, interagindo com as pessoas, sentindo coisas novas...
Uma hora, eu e o outro eu que vive em mim nos daremos bem com ela e a outra ela que vive nela, seja ela quem for.
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