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Festa surpresa pro motorista

quarta-feira, 18 de março de 2015
Diz Paulinho que todos combinaram o momento exato para a festa. Até parentes distantes, pessoal do interior, foi pra cidade grande, pois o dia seria inesquecível. Fariam uma festa surpresa pro Jorge, motorista cinquentenário do município de São Lorenzo.
Na imagem, várias pessoas estão atrás do ponto de ônibus, se escondendo dos raios solares.

Imagem: Facebook
Às quatro horas da tarde, todos se reuniram no ponto 7, entre a rua Azevedo e Travessas. Seu Jorge fazia a linha Anhanguera-Matinhos, passaria ali em 10 minutos. Como alguns parentes não se viam a anos, desde o enterro da matriarca Gertrudes, resolveram pôr o papo em dia.
- É, dona Lucía, a senhora está muita das formosa! - Disse o Mirto, com aquele jeito todo tímido dele.
- Formosos são seus olhos, meu lindo.
Mirto mal sabia que "meu lindo" era apenas uma expressão corriqueira da cidade onde Lucía morava, por isso acabou se apaixonando instantaneamente por ela.

Do outro lado da multidão, Ferreira discutia com Manuel sobre a plantação de milho:
- Rapaz, não é que esse ano não carregou nada. Vou perder 20 hectares.
- Nem me fale, Manuel, lá em Sertãozinho, tá muito pior. Nem sequer prantamos esse ano. Tá tudo muito caro.

Mais ao meio, uma quentura estava subindo.
- O que foi, Joaquim, que  está olhando assim pra mim?
- Nada não, Mariazinha. É que a vida é muito curta pra não olhar.

Com todo esse falatório, não sei como Lucía ouviu o que Joaquim havia falado e ficou com ciumes, então logo se intrometeu na conversa. Manuel também quis saber o que estava ocorrendo com sua mulher, a Mariazinha.

Virou uma confusão. Alguns até se lembraram o motivo deles todos estarem vivendo em cidades diferentes. Simples conversas sempre terminavam em brigas. E falando em briga, virou briga mesmo. Manuel começou a brigar com Joãozinho, que xingou a Lucía, que esbofeteou o Mirto, que (estando apaixonado pela Lucía) nem sentiu dor, mas mesmo assim deu uma cabeçada (porque estava pensando que era dança) no Ferreira.

Ferreira, querendo sair dali, ao perceber que um ônibus se aproximava, fez o sinal para ele parar. Entrou, pagou o cobrador e sentou-se no banquinho mais alto. O motorista era o aniversariante, o Jorge, mas nenhum dos dois se lembravam de suas fuças.

Enquanto isso no ponto, a briga continuava. Somente Paulinho, que estava com o bolo, metade na mão, metade no estômago, percebeu a chegada e partida do Jorge. Sentou-se na grama até o pessoal todo ir embora no ônibus seguinte.

No fim do expediente, a esposa e os filhos de Jorge lhe presentearam com uma bela festa.