Eis que na sua cidade acontece um evento cultural e você vai assistir. Ao chegar no local, por exemplo, num centro cultural, você escolhe o seu lugar e se senta (às vezes fica em pé mesmo, pois já está lotado). A partir desse momento você faz parte da plateia que assistirá ao espetáculo. Começa o evento e, infelizmente, começam as tosses também, além dos papagaios. Pode isso, Arnaldo?
Imagem: reprodução (http://www.cascavel.pr.gov.br) |
O Arnaldo disse tudo, mas por que será que as pessoas não entendem isso? Existe então dois tipos de plateias com suas peculiaridades e diferenças.
A plateia ideal
Não é propaganda do colégio Ideal, mas existe um plateia ideal. Se o indivíduo se desloca da sua casa para o centro cultural, compra seu ingresso e se senta na cadeira (salvo o caso citado anteriormente), ele tem o direito de assistir ao seu espetáculo em paz. Numa plateia ideal, ele consegue isso. Não há papagaios neste lugares, pois lugar de pássaro é na natureza. Os chupadores de bala não existem também, pois aquele barulho infernal de quando eles estão abrindo a embalagem seria escutado a quilômetros de distância com som amplificado.
A plateia real
Distinta por natureza, a plateia real é quase um desastre. "Quase" porque já nos acostumamos com ela, tanto que filtramos o som e recebemos apenas o que vem do palco. Mas há exceção, que ocorre na maioria das vezes. Arnaldo ficou confuso agora. Na plateia real, as pessoas ficam resfriadas misteriosamente e começam a tossir seguidamente. Dá quase um espetáculo musical à parte, só faltando um maestro para reger e ordenar as tosses sopranos e tenores.
Enquanto a equipe da tosse se concentra na Nona Sintossia de Beethoven, a equipe dos papagaios se preparam para pôr o papo em dia. Se reencontram na verdade, primo com primo, amigos distantes, sogra e genro e desconhecidos. Os desconhecidos aproveitam para se conhecerem. Por espetáculo, sai pelo menos cinco casais formados, com planos para o futuro. Ocorre DR de um casal sentado lá na frente.
Pra melhorar a coisa, as crianças, as amáveis crianças inventam de chorar. Algumas, até afinadinhas. Não estou nem falando dos bebês, mas sim das criaturas de quatro, cinco, dez e dezoito anos (segundo nosso código penal). Os menores querem chamar atenção de qualquer jeito de seus pais, mas acabam chamando a atenção de todos os presentes.
No final, você que pagou para ver um espetáculo, acaba assistindo a uns cinco. Mas fazer o que, né?! Pelo menos esse povo está assistindo algo interessante. Em meio às tosses, papagaios e crianças, se dá para ouvir boa música e apresentações inesquecíveis, como as do XXV Festival de Música de Cascavel.