De segunda a sexta-feira, tirando os feriados e fins de anos, Kiki pegava sua vassoura e ia pra escola voando, pois estava sempre atrasada. Era uma pequena bruxinha, assim chamada por suas colegas.
Um dia apareceu lá sem a vassoura. Estranharam, não só as más colegas, mas toda a equipe pedagógica. Ninguém estava preparado pra aquilo. Todos a olharam. Alguns até tiveram dificuldade de reconhecê-la.
- Cadê sua vassoura?
- Ué, o que falta em você?
- Perdeu o juízo, menina?
- Cadê sua companheira?
- Posso ir no banheiro, prof?
Em meio as tantas perguntas, e perguntando pra se escapar de situação impar, ela foi no banheiro refletir:
- Espelho, espelho...
Não esse tipo de reflexão:
- Pior que não sei onde deixei minha vassoura.
E outras perguntas se fazia na sua pequena cabeça, que ainda via o mundo um pouco além da cidade vizinha, única visitada em toda sua vida.
Voltou pra sala, e quando todos ainda não acreditavam nas fórmulas matemáticas do professor Gustavo, ela exclamou:
- Eu não preciso dela!
- Como não? Essa fórmula resolverá a questão do x.
- Não, prof, não sobre isso. Digo, não preciso da vassoura!
Um coro em lá menor sustenido ecoa na sala.
- Perdeu o juízo, menina?
- Como não?
- Por que sim?
- Prof, já faz meia hora que tô pedindo pra ir no banheiro.
- Eu nunca precisei da vassoura.
- Deve ser feminista...
- Não, eu tenho juízo. Nunca precisei da vassoura pra voar, até porque nunca voei.
Sol menor agora.
- Tudo era força de expressão. Voar no sentido de ir rápido. E vocês já viram a vassoura alguma vez?
- Claro que sim, aquela vassoura cor de...
- Oxe, a vassoura de pa...
- Ué, como era mesmo a sua vassoura?
- Prof, tô mixando...
- E tinha vassoura?
Fá sustenido maior.
- Dá pra alguém pedir pra turma do coral calar a boca?
- E Bhaskara, o que que tem?
- Sei lá, nunca entendi.
- Resumindo, virei às aulas assim a partir de agora. Eu mesma. Sem vassoura, sem desculpas.
Assim, Kiki nunca mais precisou levar a vassoura pra escola. Ela cresceu, se tornou professora. Varria a sala juntamente com cinco alunos voluntários todo final de aula. Kiki, a bruxa.
Imagem: http://geekvox.com.br |
Um dia apareceu lá sem a vassoura. Estranharam, não só as más colegas, mas toda a equipe pedagógica. Ninguém estava preparado pra aquilo. Todos a olharam. Alguns até tiveram dificuldade de reconhecê-la.
- Cadê sua vassoura?
- Ué, o que falta em você?
- Perdeu o juízo, menina?
- Cadê sua companheira?
- Posso ir no banheiro, prof?
Em meio as tantas perguntas, e perguntando pra se escapar de situação impar, ela foi no banheiro refletir:
- Espelho, espelho...
Não esse tipo de reflexão:
- Pior que não sei onde deixei minha vassoura.
E outras perguntas se fazia na sua pequena cabeça, que ainda via o mundo um pouco além da cidade vizinha, única visitada em toda sua vida.
Voltou pra sala, e quando todos ainda não acreditavam nas fórmulas matemáticas do professor Gustavo, ela exclamou:
- Eu não preciso dela!
- Como não? Essa fórmula resolverá a questão do x.
- Não, prof, não sobre isso. Digo, não preciso da vassoura!
Um coro em lá menor sustenido ecoa na sala.
- Perdeu o juízo, menina?
- Como não?
- Por que sim?
- Prof, já faz meia hora que tô pedindo pra ir no banheiro.
- Eu nunca precisei da vassoura.
- Deve ser feminista...
- Não, eu tenho juízo. Nunca precisei da vassoura pra voar, até porque nunca voei.
Sol menor agora.
- Tudo era força de expressão. Voar no sentido de ir rápido. E vocês já viram a vassoura alguma vez?
- Claro que sim, aquela vassoura cor de...
- Oxe, a vassoura de pa...
- Ué, como era mesmo a sua vassoura?
- Prof, tô mixando...
- E tinha vassoura?
Fá sustenido maior.
- Dá pra alguém pedir pra turma do coral calar a boca?
- E Bhaskara, o que que tem?
- Sei lá, nunca entendi.
- Resumindo, virei às aulas assim a partir de agora. Eu mesma. Sem vassoura, sem desculpas.
Assim, Kiki nunca mais precisou levar a vassoura pra escola. Ela cresceu, se tornou professora. Varria a sala juntamente com cinco alunos voluntários todo final de aula. Kiki, a bruxa.