Enfim, era chegado o dia do concurso. Já fazia bastante tempo que eu não prestava um. Até pensei em não ir, mas fui, até carona arrumei. Não se pode obter bom resultado quando o esforço não é suficiente. Em outras palavras, quem não estuda o suficiente não tem muita chance de ser aprovado. Mas tudo bem, vamos ao fato, depois do intervalo comercial.
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Dia primeiro de março. O ano mal começou e já se passou dois meses desde seu início. Às 13:45 procurei minha sala na universidade descriminada pelo site. Sentei, mas antes, dei uma leitura visual geral na sala procurando uma carteira universitária para canhoto. - Pode entrar, que tem várias carteiras assim! - disse o fiscal. Mas só encontrei uma depois de perguntar pro pessoal do fundão se eles tinha visto alguma por ali.
Enquanto o exame não começava, examinei o ambiente com minha visão periférica. Talvez tenha adquirido essa habilidade com minhas colegas de curso. É impossível não julgar alguém pela aparência, né? Você vê um cara semi-gordo de óculos e logo pensa: me ferrei; esse manja dos cossenos e tangentes! Tinham poucas meninas, mas muitos Joões. Rapaz, dava pra fazer dois times de futebol e ter mais um de reserva só de João.
Reparei também na disposição das coisas (ou trecos, como disse minha aluna, hoje) da sala. Havia 8 ventiladores de teto, quatro na frente e quatro atrás. Obviamente que não me sentei debaixo de nenhum deles, pois nunca se sabe quando um desses cairá sobre você. Havia também 6 lâmpadas fluorescentes na frente e mais 6 atrás, cada uma com duas fileiras de luzes, o que dava um total de 24 focos de luz. Em meio às minhas contas mentais, me surgiu um pensamento louco: que um louco qualquer sentado em uma das cadeiras gritasse um Nats ingonya ba bagithi Baba e uns outros sete loucos completassem com Sithi uhm ingonya aba, tal qual o vídeo abaixo. A sala inteira cantando em coro, seria emocionante.
Vídeo: http://youtu.be/rM98Ewdb-OI
Enquanto eu sorria, o fiscal chegou com uma sacola onde estavam as provas. Acho que esse é um momento único para um fiscal. Um momento importante, inolvidável: todos olhando para ele, ele sendo a estrela do espetáculo. Há espaço até para a conferência voluntária de duas pessoas da plateia pra conferir se o pacote realmente está lacrado. E, como num passe de mágica, ele abre o pacote. Se ouve um "Oooooh" eufórico da plateia lá do fundo e finalmente, as provas são entregues para os concurseiros.
É engraçado que, dependendo do lugar onde estamos, temos um adjetivo novo, que nos descreve. Naquele momento, além de ser o pensador, eu era também o concurseiro. Isso foi apenas uma nota. Voltemos ao texto.
Inicia-se, então, a prova, às 14:27, horário rabiscado no quadro. Teríamos quatro horas para terminar. Havia apenas 40 questões para responder. Não precisava fazer redação. Se estava difícil? Muitos me perguntaram. Mas, dei respostas diferentes. Achar algo "fácil" ou "difícil" é um tanto relativo. Depois de tanta coisa que passamos e aprendemos, tanto em cursos de faculdades, como na vida, tudo depende do tanto de coisa que absorvemos. Talvez minha resposta mais correta tenha sido a de que estava fácil para quem estudou.
Terminei em duas horas, aproximadamente. Fui pra casa. O sol, do caminho do local da prova até o terminal Oeste estava com vontade de queimar mesmo. Até no ônibus, ele me perseguiu.
Fechando o dia e fechando esse texto, à noite, fui pra igreja. Não pedi a Deus para que Ele me ajudasse a passar. Pedi apenas que os resultados sejam justos.