Cacilda era uma pessoa que não existia, mas eu sempre chamava quando estava bravo. Ela aparecia toda contente prestando atenção no que eu falaria pra me responder no estilo. Cacilda era brava. Ultimamente tenho chamado todo mundo de idiota. Tenha certeza, é culpa da Cacilda.
Aquela imagem nada a ver com o post |
Certo dia, na verdade, certa noite, eu tinha acabado de brigar com uma pessoinha dos invernos (erro proposital) e chamado ela de idiota. Isso faz parte já do meu vocabulário e da minha rotina. Vocabulário: idiota; rotina: brigar. Bloqueei, exclui e prometi pra mim mesmo que não falaria mais com ela.
Estava tudo nos conformes. Mas confesso que sentia falta da idiota. Isso fazia parte dos conformes. Mas o plano estava seguindo a risca: não falar com ela, arrumar outra pra chamar de idiota, chamar a do Whats de idiota. e chorar contando os progressos pra amiga do Face. E, por último, antes de dormir, chamar a Cacilda. - Cacilda, cadê tu, mulher?
- Cacilda sumiu. Pensei nisso com voz de narrador brasileiro quando aparece uns letreiros em inglês nos filmes. - Cacilda sumiu? - Pensei pela segunda vez, mas com um tom de indagação e preocupação, misturado com saudade e arroz com feijão (é que eu tava com fome no momento). - Cacilda sumiu! - Disse, já acreditado da constatação, essas duas palavras.
E Cacilda não mais apareceu. Nas minhas conversas diárias, ela não se fez presente. Eu já disse que Cacilda era brava né? Pois é. Cacilda era.
Mas não tinha mais Cacilda. Não tinha mais a idiota pra eu brigar. As coisas ficaram bem chatas. Estou com saudade dela.