Trabalhar como técnico de informática é bom, me proporciona tempo de prazer em arrumar um computador necessitado. Aparece cada um com tipos variados de problemas. Alguns vem com problema de memória, outros, com idade já avançada e outros, bem sujinhos. Geralmente soluciono os problemas deles.Mas nessa semana, apareceu um que não queria trabalhar de jeito nenhum.
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Era só mexer com ele e ele já se fechava, não falava nada, simplesmente se apagava. Como não tinha outra alternativa, teria que fazer uma cirurgia exploratória.
Marquei o dia da cirurgia, mas não foi necessário fazê-la, pois descobri o problema do paciente antes de abri-lo: precisava de uma bateria nova. Os dias passaram, exatamente três e encontramos um doador compatível. Seria uma operação de risco baixo, pois a substituição do órgão era algo simples de ser feito. O computador continuava imóvel, não ligava, nem sequer abria os olhos.
Abri o paciente, encontrei a peça defeituosa, substitui pela nova e fechei-o. Depois liguei o paciente e pra minha surpresa ele ligou, mas em seguida desligou. A coisa estava ficando feia, o computador já não mandava mais nenhum sinal. Os sintomas estavam aumentando e a causa ainda era desconhecida. Levantei várias hipóteses, consultei o histórico médico para ver se ele já teve alguma doença parecida no passado. Outra cirurgia foi necessária e por fim descobri que o problema estava na placa-mãe. Tentei fazer alguns reparos, mas meus esforços foram inúteis. Para este paciente o fim estava próximo, sua vida estava em fase terminal. E para piorar, após essa cirurgia, ficou muito fraco e acabou entrando em coma.
Avisei aos parentes que o estado do paciente era irreversível e que assim que o desligar dos aparelhos ele morreria. Falei também que mesmo neste momento de tristeza, eles poderiam fazer uma coisa útil: doar os órgãos para que outros computadores pudessem ser salvo. A família ficou de dar a resposta, enquanto isso, em algum lugar do mundo, outro PC pode estar precisando de ajuda.