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Noite solitária

quinta-feira, 10 de março de 2016
Enfim, chegou o dia em que não quis dormir. Não tinha sono nem pressa, a noite se fazia mais lenta, a lua não clareava nem um pouco e não se podia ver estrelas no céu. O seu brilho não era importante naquele momento, aliás, luz nenhuma era necessária. Quis ficar no escuro, a única luz que poderia clarear era as dos meus pensamentos. Esses sim, não me deixavam dormir. Pensar estava sendo a melhor coisa desde muito tempo. Eu via tudo, tudo o que podia imaginar.

Imagem: http://www.20minutos.es/

Neste dia, não poderia ser em outro, sabia que algo estava pra acontecer, mas não que este seria o último. Talvez eu alcançasse o nível mais alto de desligamento. A escuridão era espessa, mas eu podia ver por ela. Eu via luz onde não havia um foco de claridade.
Ouvi um som conhecido. Eu poderia estar imaginando isso também. Tudo era pensamento, até meu respirar me fazia voar sobre qualquer coisa. Eu, então, voei. O mais alto. O mais longe que eu queria. Mas esse longe era muito perto. Eu estava naquela casa há muito esquecida. Não lembro de onde a conheço, se de dois anos atrás, ou vinte, mas sei que ela sempre esteve ali, naquele lugar, esperando a minha visita.

Entrei pela porta do fundo, ouvi aquele barulhinho de porta gemendo ao ser aberta lentamente. Meus passos estalavam o chão de madeira prensada. Me dirigi ao quarto, eu sabia muito bem onde ele ficava. Deitei na cama e ao meu lado vi uma mulher. Não me espantei, não tentei fugir, algo que provavelmente faria em outra ocasião. Me aproximei dela, pus meus braços sobre sua cintura, a abracei com todo cuidado para não acordá-la.

Ela tinha uma respiração calma, mas consegui sentir as batidas aceleradas de seu coração. Me aproximei mais um pouco e como se tentasse aquecê-la de um frio que de fato não existia, abracei-a com mais força, só assim pude dormir.