Estoquei vento. Muito vento. Não sabia que caberia tantas sacolas plásticas carregadas de vento no meu celeiro, mas couberam todas.
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E assim cresci na vida. A cada temporal, eu fazia novas coletas. Tinha que aproveitar, pois às vezes ventava muito. Já em outras vezes, quase não ventava. E nos temporais, os ventos eram de melhor qualidade. Os (ventos) do norte eram os mais cobiçados por mim. Havia neles ares do velho mundo. O mundo do lado norte do globo.
Ventos de países de primeiro mundo. Eles me faziam sonhar que anos depois, seríamos também um país rico. Um país sem pobreza. Uma pátria educadora. Um país de todos.
Mas sonhar ficou caro. Tudo ficou caro. Até dormir está custando o dobro.
E os ventos sopravam. Meu celeiro triplicava de tamanho após a última reforma. Há ventos aqui de todas as partes, mas os do norte são ainda os mais preciosos. Meus clientes pagam bem. E levam justamente pelo que pagam. Às vezes, dou um vento pros mais necessitados, mas só quando tem alguma mídia por perto. A imagem é tudo.
Aqui (no meu celeiro), pensamos todos (os clientes e eu), que está tudo bem. Que faz todo sentido o que estamos fazendo. Estamos bem! Aliás, vento é o que nunca vai faltar.