Hoje me aconteceu uma coisa impressionante. Se eu contar, acho que ninguém vai acreditar. Eu estava andando nas ruas do centro da cidade, chutando pedras pelo caminho, bem daquelas que atrapalharam Carlos Drummond de Andrade quando ele ia comprar leite na padaria. Eu me encontrava tão distraído e pensativo que chutei a todas, sem me importar com a dor que isso poderia me causar.
As pessoas corriam, a vida corria, já o tempo, este voava. Mas eu, não, eu era um ponto quase imóvel no meio do calçadão, meio pequeno para ser visto. Porém, fui visto e vi, podem acreditar. Uma moça também viu e me perguntou se eu queria viajar, ir para um lugar bem melhor. Eu não a conhecia, mas disse que sim, que qualquer um quereria ir pra qualquer outro lugar.
Então, uma nave pousou bem ao lado da catedral. Entramos nela, sentamos e partimos. O destino era desconhecido para mim, um lugar chamado Jaimploonisgtons. Mas que lugar era esse? O GPS do meu celular não soube me responder.
- Deixa de perguntas, você disse que queria ir pra qualquer lugar.
Ela tinha razão. E chegamos a Jaiml, Jaimplion, ah, sei lá como se escreve isso. Me surpreendi com o lugar. Tudo era tão irreal, mas tinha realidade nisto. Não existiam fronteiras, o tempo não era apressado nem lento. As pessoas não corriam, andavam. Não gritavam, cantavam. Era o que eu queria, tranquilidade e despreocupação. Ficamos lá o tempo certo, até vi o Andrade na sua casa, toda construída de pedras.
Voltei agora pouco. Andrade me disse algumas coisas antes de eu partir. Não lembro as palavras todas, mas acho que ele quis dizer que não há barreiras entre a realidade e o sonho. Uma vida pode ser tão boa, pode ser um sonho que se sonha acordado; e um sonho pode ser uma vida, ou representação dela.
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