Primeiro de janeiro de mil novecentos e noventa e nove. O que eu sei do mundo? Não muita coisa. Conheço umas dez ruas do meu bairro, ou menos. As mais frequentadas são as que vão de casa até a minha escola. Estou de férias ainda, e elas são relativamente grandes (entre dois e três meses); começarei a estudar a segunda série. Escola Municipal Olímpio Rafagnin. Nunca tentei descobrir o motivo deste nome, só sei que associo ele ao nome do Hotel Rafain, que fica na avenida Olímpio Rafagnin, marginal da BR277.
Imagem: http://unimednne.com (Edição nossa) |
Primeiro dia de aula. Hoje, fui pra escola. Não vi meus amigos Jonathan e Adan do ano passado. Acho que não estão mais estudando aqui. Nem vi a Márcia, a menina que ficava correndo atrás de mim. Eu acho que gostava dela, mas tinha vergonha. A timidez já é uma característica minha. Um adjetivo que nunca quis ter, mas tenho desde sempre. Sentei na primeira cadeira que vi e não olhei para trás a aula toda, nem para pegar meu material da mochila. A sala era outra e a professora também. Não lembro o nome dela.
Não estava com muita pressa. Na verdade, a vida, que pra mim ainda é muito pequena, passa bem devagar. Mas o sinal acaba de tocar e me dirijo para casa. No caminho, rua de pedras, a competição começa silenciosa entre os alunos da minha escola. Alguns, vão embora com as vans escolares, mas outros, como eu, seguiria uma rua reta, com vários cruzamentos. A competição é ganha por quem permanecer na frente da fila multiforme. Passos apressados (agora sim, uma pressa nesse mundo). Alguns correm, outros cansam.
Enfim, chego em casa. Catita me espera. Não é apenas uma cadela, é uma amiga que mora com a gente. Se ela me entende, nunca saberei ao certo. Mas é bom contar casos pra ela. Ela gosta.
Na manhã seguinte, minha única preocupação seria não perder meus desenhos preferidos, enquanto me dividia entre a Globo e o SBT. Ainda daria tempo pra brincar no quintal. Brincar não, explorar algo novo.